sábado, 14 de junho de 2008

GASTRONOMIA DE MONÇÃO


Lampreia à Moda de Monção

Preparação:


Lava-se muito bem a lampreia em água quente, mas não em cachão, retirando-lhe toda a substância viscosa que a envolve. Coloca-se num tabuleiro com dois decilitros de vinho verde tinto e três decilitros de vinagre tinto, de preferência. Dá-se um golpe junto à cabeça e retira-se uma cartilagem (nervo) que aí se encontra. Se for fêmea retiram-se as ovas. A seguir dá-se um outro golpe contornando um pequeno orifício que se encontra perto da cauda para soltar o cordão vertebral e puxa-se cuidadosa mas rapidamente, para evitar que se parta durante a operação. Em seguida parte-se aos bocados dentro do tabuleiro para aproveitar o sangue. Deixa-se a marinar durante duas horas no tabuleiro, juntam-se-lhe um ramo de salsa, uma folha de alho picado e mais vinho e vinagre, se necessário.


Confecção:
Faz-se um refogado com duas cebolas picadas, dois decilitros de azeite, uma colher de sopa de banha e de presunto picado. Quando a cebola estiver bem alourada juntam-se-lhe os bocados de lampreia, sal, pimenta e cravos de cabecinha a gosto. Deixa-se estufar pelo menos 10 minutos. Retira-se a lampreia para uma caçolinha. Acrescenta-se à calda um pouco de água - quente e deita-se o arroz (400g para quatro pessoas). Quando o arroz estiver a ficar cozido, introduzem-se de novo os bocados de lampreia, junta-se-lhe o sangue, vinho e vinagre onde esteve a marinar e polvilha-se com salsa picada. Esta última operação deve durar apenas o tempo suficiente para aquecer a lampreia. Serve-se de seguida (deve ficar um arroz "a fugir").


Receita esta que viemos depois a testar por cardápio feito num dos últimos almoços da Casa do Minho, realizado no Casino Estoril, quando Albérico Fernandes era Presidente e que tem a assinatura do (Solar dos Presuntos) e da cozinheira Graça e publicada no Roteiro Gastronómico - Alto Minho, Alta Mesa - do jornal "O Jornal" com direcção de "Mestre" Manuel Luís Goucha. Com um outro pormenor que viemos a saber mais tarde e que também é novidade. O juntar já na marinada às duas cabeças de alho picado, ramos de salsa, uma folha de loureiro... uns grãozinhos de cravinho. E, depois da lampreia estar pronta (estufada), só a lampreia... um golinho de Vinho de Porto.

Cabrito de Arroz de Alguidar

“Monção é terra de cabrito assado com aquele arrozinho de calda, indo ao forno, a cozer, com o pequeno cabrito por cima do alguidar assente numas varas de loureiro. Monção é, também, a terra da "Coca" ou "Santa Coca" ou ainda "Coca Rabixa". As lutas do bem sobre o mal, ou da verdade sobre a mentira, do arcanjo S. Miguel sobre o dragão, são significados religiosos que, sobretudo, na Idade Média, tiveram manifestações próprias, inclusive, nos préstimos religiosos infelizmente desaparecidos no Alto Minho. Mantêm-se em Monção, em Dia de Corpo de Deus, e bem. Assim na procissão, à qual não faltam o "carro das Ervas", cheio de verdura e rapaziada; S. Cristóvão, o advogado das crianças "biqueiras"; o "boi bento" todo enramilhetado de fitas e cores, vão as duas figuras principais do auto: a "Coca", um monstro anfíbio de escamas reluzentes e uma língua tremulante, logo seguido de S. Jorge, em "carne e osso", vestido a rigor. Dentro dos melhores espaços de restauração monçanense está, entretanto, na mesa o cabritinho assado.


Vamos prepará-lo:
Mata-se o animal e depois de lavado dá-se-lhe um banho com vinagre, sal, pimenta, salsa e cebola. Mistura-se tudo e, com esta papa, esfrega-se bem o cabrito por dentro e por fora. Repete-se este banho três ou quatro vezes. No dia seguinte, tira-se do sítio e coloca-se numa travessa, limpando-se o cabrito com um pano para lhe tirar alguma cebola e restantes. Num pouco de água de cozer carnes, misturamos uma carteirinha de açafrão e barra-se o cabrito, muito bem barrado, e espetam-se bocados de presunto e tiras de toucinho e vai ao forno.

Calda para o arroz:
Cozemos galinha caseira, um bom pedaço de presunto (não muito gordo), e carne de vaca. Para 2 kg de arroz são 4 litros de calda e põe-se na calda uma saquinha de açafrão, um ramo de salsa e umas rodas de cebola. Põe-se o arroz no alguidar, com a calda bem quente a cozer no forno, com o cabrito por cima do alguidar assente numas varas de loureiro. Coloca-se o cabrito inteiro numa travessa e enfeita-se com ramos de salsa e azeitonas. O arroz vai também numa travessa adornado com rodas de chouriço e tiras de presunto. Coloca-se o cabrito inteiro numa travessa e enfeita-se com ramos de salsa e azeitonas. O arroz vai também numa travessa adornado com rodas de chouriço e tiras de presunto.


Barrigas de Freira

Ingredientes:250g de Pão-de-ló, 500g de açúcar, 125g de amêndoa, 9 gemas de ovo, 1 ovo inteiro.

Preparação:

Leva-se o açúcar a ponto de pasta, corta-se o pão-de-ló em fatias que se colocam numa travessa e se regam com metade do açúcar em ponto. Pelam-se as amêndoas e passam-se pela máquina. Em seguida, juntam-se ao açúcar restante e deixa-se ferver um pouco; se por acaso o açúcar depois de ferver com a amêndoa subir de ponto, junta-se-lhe um pouco de água. Tira-se do lume, deixa-se arrefecer e junta-se-lhe as gemas bem batidas com o ovo inteiro, mistura-se bem, volta ao lume brando, mexe-se sempre até engrossar, retira-se e deita-se por cima das fatias do pão-de-ló, cobrindo tudo. Polvilha-se com canela e guarnecem-se com cerejas cristalizadas.


Ponto de Pasta:
Põe-se ao lume um tacho com meio quilo de açúcar dissolvido em meio litro de água. Não se mexe. Vai-se vendo com a colher de pau; enquanto a calda escorrer pela colher de pau para o tacho, ainda não está no ponto, quando começar a aderir à colher uma pequena camada de calda diz-se que está em ponto de pasta. O pão-de-ló pode ser substituído por outro pão (miolo de pão de forma ou de cacete). Receita cedida por Maria de Fátima Abreu Fernandes - Monção.

HISTÓRIA DA VILA DE MONÇÃO


Monção foi fundada em 2104 a.C pelos Babilónios ou Iberos. Devido à tirania do Rei Nembrod (rei da Babilónia), os Iberos fugiram para o Ocidente da Península Ibérica. Mais tarde em 1374 a.C., Bacho, filho de Semole, seguramente um grego muito importante na época, chegou à Península Ibérica com um exército e encontrando uma vila completamente destruída, reconstruiu-a e deu-lhe o nome de "Orosion" palavra grega que quer dizer Monte Santo. Em 404 a.C., o Celtas conquistaram Monção e chamaram-lhe de "Obobriga". Monção passou a ser uma vila romana importante (40 d.C.). Quando os romanos foram expulsos desta parte da Península Ibérica, Hermenerico, rei dos Suevos, ocupou a vila em 410 d.C. restituindo-lhe o nome original de "Orosion", mas em Latim, ficando a chamar-se "Mons Sanctus".
Monção inicialmente situava-se em Cortes, mais tarde os seus habitantes deslocaram-se para Badim. D. Afonso III extinguiu a Vila de Badim e da Penha da Rainha, para fundar Monção no local actual, que até então se chamava Couto de Mazedo.
Nas Inquirições de 1258 recebeu o nome de "vila". O texto do foral dado em 1261, onde se sitam os "miles de Monçom" que têm regalias semelhantes aos de Valença, que significa que se tratava de uma póvoa já fortificada.


Fonte Texto: www.moncao.web.pt/